sexta-feira, 7 de maio de 2010

MESTRADO PARTE 4 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO-MOTOR

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO-MOTOR
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO-MOTOR DA CRIANÇA DE 3 à 5 ANOS

De acordo com Gallahue e Ozmun “o movimento observável pode ser dividido em 3 categorias: movimentos estabilizadores (equilíbrio e sustentação), movimentos locomotores (mudança de localização) e movimentos manipulativos (apreensão e recepção de objetos)”. De acordo com cada faixa etária, estes movimentos estarão em estágios e fases diferentes. As crianças da primeira infância, ou seja, de 2 a 6 anos, apresentam as habilidades percepto-motoras em pleno desenvolvimento, mas ainda confundem direção, esquema corporal, temporal e espacial. A variabilidade das habilidades fundamentais está se desenvolvendo, de forma que movimentos bilaterais, como pular, não apresentam tanta consistência as atividades unilaterais. O controle motor refinado ainda não está totalmente estabelecido, embora esteja desenvolvendo-se rapidamente. Os olhos ainda não estão aptos a períodos extensos de trabalhos minuciosos.
Para Piaget, nesta idade as crianças deveriam estar no período pré-operacional, ou seja, percepção aguçada, comportamento auto-satisfatório e social rudimentar. (GALLAHUE e OZMUN, 2003).
Nesta fase, a maturação das áreas terciárias (de associação) ainda não está completa. Nas áreas executivas do cérebro (lobos frontais), a principal região envolvida com o planejamento e com a execução das tarefas ainda não está totalmente mielinizada, o que além de prejudicar na organização e no planejamento das tarefas também prejudica a capacidade de concentração (pois a

área pré-frontal é importante para a atenção). A área pré-frontal imatura dificulta a manutenção da atenção de forma que não consegue realizar uma de suas funções principais que é a inibição de estímulos irrelevantes. “Ao não conseguir inibir estímulos irrelevantes a criança acaba se tornando distraída.” (BOOTH et al., 2003).
A atenção foi descrita por Magill como sendo a “focalização, concentração da consciência” e quando se refere ao desempenho humano é associada a atividades perceptivas, cognitivas e motoras de habilidades. É um dos requisitos básicos para a coordenação e o controle motor. A falta ou déficit de atenção implica em danos a aprendizagem da linguagem, da escrita e das habilidades motoras.
O desenvolvimento motor é dependente da biologia, do comportamento e do ambiente e não apenas da maturação do sistema nervoso. Quando a criança nasce, o seu SNC ainda não está completamente desenvolvido. Ela percebe o mundo pelos sentidos e age sobre ele, criando uma interação que se modifica no decorrer do seu desenvolvimento.
Deste modo, por meio de sua relação com o meio, o SNC se mantém em constante evolução, em um processo de aprendizagem que permite sua melhor adaptação ao meio em que vive.
Um bom desenvolvimento motor repercute na vida futura da criança nos aspectos sociais, intelectuais e culturais, pois ao ter alguma dificuldade motora faz com que a criança se refugie do meio o qual não domina, conseqüentemente

deixando de realizar ou realizando com pouca freqüência determinadas atividades.
O desenvolvimento cognitivo é um processo interno, mas pode ser observado e “medido” através das ações e verbalização da criança. Envolve o processo de pensamento, incluindo as capacidades de compreensão de fatos que ocorrem a sua volta; percepção de si mesmo e do ambiente; execução de ordens; memória; compreensão de espaço; compreensão de tamanho entre outros.
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se atribui à esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas palavras : aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget, a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquanto que o desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos conhecimentos.
Piaget, quando postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança, descreve-a, basicamente, em 4 estados, que ele próprio chama de fases de transição (PIAGET, 1975).
Aqui falaremos apenas de uma dessas fases, a qual realmente nos interessa que é a fase Pré-operatório que vai dos dois (02) aos sete, oito (07,08) anos (idade de estudo do presente trabalho).
É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação (Piaget e Inhelder, 1982), e esta

substituição é possível, conforme Piaget, graças à função simbólica. Assim este estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.
Entre os dois (02) e os sete (07) anos distinguem-se dois subestágios: o do pensamento intuitivo e o do pensamento pré - conceptual. O pensamento intuitivo surge a partir dos 4 anos, permitindo que a criança resolva determinados problemas usando a inteligência e o pensamento, este é organizado através do processo de assimilação, acomodação e adaptação. Neste estágio a criança já é capaz de representar as suas vivências e a sua realidade, através de diferentes significantes.
No pensamento pré - conceptual domina um pensamento mágico, onde os desejos se tornam realidade e que possui também as seguintes características:
Animismo - A criança vai dar características humanas a seres inanimados.
Realismo - A realidade é construída pela criança. Se no animismo ela dá vida às coisas, no realismo dá corpo, isto é, materializa as suas fantasias.
Finalismo - A criança ao olhar o mundo tenta explicar o que vê, ela diz que se as coisas existem têm de ter uma finalidade, no entanto, esta ainda é muito egocêntrica. Tudo o que existe, existe para o bem essencial dela própria.
Para concluir a abordagem a este estágio é importante referir que a criança ao contactar com o meio de forma ativa está a favorecer a sua aprendizagem de uma forma criativa e original.

Este estágio é fundamental pois a criança aprende de forma rápida e flexível, inicia-se o pensamento simbólico, em que as ideias dão lugar á experiência concreta. As crianças conseguem já partilhar socialmente as aprendizagens fruto do desenvolvimento e da sua comunicação.

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