terça-feira, 7 de julho de 2009

Métodos

Métodos
Existem vários programas de treiamento que os bailarinos podem seguir para tornarem-se bailarinos profissionais. Três dos maiores programas são o Cecchetti, o Russo Vaganova, e o da Royal Academy of Dance (RAD). Todos eles possuem diferentes níveis, do iniciante ao avançado, e todos possuem vantagens e desvantagens. A técnica Cecchetti foi desenvolvida a partir das aulas do grande mestre de ballet Enrico Cecchetti, através da Sociedade Cecchetti. É um plano de aula completo, elaborado para treinar bailarinos para o trabalho profissional. Uma ênfase notável, no método Cecchetti, é dada à fluência dos braços, na passagem de uma posição para outra, muito mais do que em qualquer outro método. A técnica Russa Vaganova é derivada dos ensinamentos de Agripina Vaganova, a qual foi diretora artística do Ballet Kirov por muitos anos. No método Vaganova, os bailarinos dão maior atenção para as mãos, as quais, diferentemente do método Cecchetti, não fluem invisivelmente de uma posição para outra, é dado à ela uma maior energia e imponência, deixando-a para trás e trazendo-a de volta no último momento. No método Vaganova os exercícios de cada nível não são estabelecidos como no RAD. Cada professor coreografa sua própria aula, de acordo com as diretrizes dadas à eles, os alunos dançam essa aula em seus exames. O método RAD é muito comum. Se ajusta muito bem às escolas de dança em que os alunos têm, em média, não mais que uma aula por dia. A Escola do American Ballet ensina o método Balanchine. Criado por George Balanchine, permite aos bailarinos dançarem as suas coreografias de maneira muito mais fácil do que os outros bailarinos. Nesse método as mãos são diferentemente trabalhadas de todos os outros métodos. Cada técnica também dá diferente nomenclatura para as direções do corpo, posições dos braços, arabeques e alguns dos passos. Pó exemplo, a posição dos braços conhecida como “bras bras” no método RAD é conhecida como “fifith em bas” no método Cecchetti e como “preparatória” no Vaganova. Contudo, as cinco posições básicas dos pés são as mesmas.


Ballet Russo
Originado do balé francês e do italiano, principalmente de Petipa, Blasis e Cecchetti, o balé russo é dotado de uma escola técnica e de um estilo próprios. Seus princípios datam dos começos do séc. XVIII, ao tempo em que foram criadas as escolas dinamarquesa e sueca. As escolas imperiais de balé russo, de São Petersburgo, Moscou e Varsóvia, mereceram desde o início uma atenção toda especial dos czares e da aristocracia. A organizaçâo, os métodos de ensino e o treinamento foram severos e continuamente aperfeiçoados. Tais exigências técnicas aliadas aos dotes físicos e ao temperamento do povo russo, e à riquíssima tradição de danças populares, produziram em dois séculos um balé que assombrou o mundo. Durante mais de 100 anos, os cultores do bailado na Rússia obedeceram às normas de Paris. Seus mais importantes mestres foram: Carlo Blasis, Landet (fundador da Escola Imperial de Dança de São Petersburgo), Canziani, Didelot, Perrot, Saint-Léon e principalmente Marius Petipa, criador das imortais obras Quebra-Nozes (1892), com Cecchetti e Ivanov, O Lago dos Cisnes (1895), com Lev Ivanov, e A Bela Adormecida (1890) todos com música de Tchaikovski. Ao mesmo tempo que a técnica francesa e a italiana eram absorvidas pelos bailarinos, formava-se um estilo russo de balé clássico, unindo e modificando os dois estilos de origem. Igualmente a música de balé ganhou seu maior compositor - Tchaikovsky, autor da maior parte dos grandes bailados russos. E Petipa preparou uma constelação de bailarinos de talento, como Gorsky, Legat, Fokine, Preobrajenska, Kchessinska, Karsavina, Chernichova. Pelas mãos de Enrico Cecchetti passaram Ana Pavlova, Mathilde Kchessinska, Olga Preobrajenska, Nicolas Legat, Lubov Egorova e Vaslaw Nijinski - os maiores nomes da dança internacional. Cecchetti criou um método e um estilo que ainda perduram. A época imperial do balé russo culmina com a figura impressionante de Sergei Diaghilev, grande organizador, diretor do bailado russo no exterior. A ele se deve o impulso dado ao balé no inicio deste século. Inconformado com as regras dos teatros imperiais, decidiu reunir os melhores bailarinos, mestres, coreógrafos, músicos, pintores e cenógrafos russos e formou uma companhia sem igual para mostrar ao mundo a arte russa na sua totalidade. Durante vinte anos, ajudado por alguns mecenas, maravilhou o mundo inteiro e revelou talentosos dançarinos, músicos, libretistas e cenógrafos, como Nijinski, Tamara Karsavina, Olga Spesivtzeva, Natalia Dubrovska, Adolf Bolm, Aleksandra Danilova, Serge Lifar, Léonide Massine, Stravinski, Glazunov Tcherepnine, RimskiKorsakov, Benois, Bakst, Korovin, Serov, Gontcharova e muitos outras. Fokine revolucionou a coreografia e realizou os ideais de Noverre. Seu grande mérito foi o de dar um estilo para cada balé, e fundir por completo a dança com a mímica. Para ele, a dança deveria ser interpretativa e não mera ginástica brilhante,devia mostrar o espírito dos atores no espetáculo e também a época a que pertencia o bailado. O balé não podia mais se constituir de números ou entradas, mas ter uma unidade de concepção, formada pela amálgama harmoniosa de três elementos - dança, música e artes plásticas. Fokine foi o criador do mais célebre bailado de Anna Pavlova - A Morte do cisne. Suas produções totalizam 68 bailados representados, diversos deles, ainda hoje em todo o mundo. Cada ano, Diaghilev renovava o repertório e também a cada ano o público parisiense era tomado de um novo choque. Seus bailados se tornaram mais e mais vanguardistas, e é Nijinski o iniciador do balé moderno. Embora tenha brilhado somente até os 29 anos de idade (quando enlouqueceu), Nijinski, com seus saltos aéreos, foi não somente o mais célebre bailarino de todos os tempos, como um coreógrafo inovador. Seu "Prélude a l'après-midi d'un faune" (“O repouso do Fauno” - 1912), com música de Debussy, causou sensação, e muito mais ainda "A Sagração da Primavera", com partitura de Stravinski (1913). A partir dele, os bailarinos clássicos deixaram de seguir estritamente as regras da escola e passaram à estrada aberta da livre invenção coreográfica. Na verdade, é esse o primeiro bailado moderno, usando bailarinos da mais refinada escola clássica. Nesse bailado foram usados os métodos da eurritmia de Jaques-Dalcroze, gestos angulosos e retorcidos e os pés voltados para a frente e não para fora, como na escola acadêmica. Diaghilev montou, entre outras bailados, todos famosos ainda hoje, alguns mais conhecidos pelo nome original, outras pelo nome português: As Sílfides, Cleópatra, O Espectro da Rosa, O Festim, O Pássaro de Fogo, Danças Polovitsianas, Scheherazade, Giselle, Camaval, Petruchka, Dáfnis e Cloé, O Galo de Ouro, La Boutique Fantastique, Jeux, Parade, Pavillon d'Armide, A Lenda de José, O Chapéu de Três Bicos. Fez também a montagem de óperas. Com a morte de Diaghilev (1929), sua companhia se desagregou, malgrado os esforços de Sergey Grigoriev e Nijinski, René Blum, diretor artístico do teatro de Monte-Carlo, assumiu a direção de um grupo de remanescentes. Ao mesmo tempo, o coronel De Basil formava em Paris companhia rival. Em 1932, os dois grupos se uniram nos Ballets Russes de Monte Carlo. Aos membros do balé de Diaghilev juntaram-se alguns elementos novos, como Tamara Toumanova, Irina Baronova e Tatiana Riabochinska. Em 1933 a companhia fez uma tounée triunfal pelos EUA, mas em 1935 cindiu-se. Com o nome de Ballets Russes du Colonel de Basil, um dos ramos partiu para a Austrália e, depois, para as Américas, do Norte e do Sul, onde se deixou ficar durante a guerra, assumindo sucessivamente os nomes de Educational Ballet e Original Ballet Russe. Em 1947 fez uma temporada de despedida no Palais de Chaillot, em Paris. O ramo que ficara em Monte Carlo permaneceu sob a direção de René Blum até a invasão alemã (1940). Blum, judeu, foi preso em Paris e morreu em Auschwitz. Com os remanescentes da companhia, Marcel Sablon constituiu, ainda na ocupação, os Nouveaux Ballets de Monte-Carlo, absorvidos (1944) pela Ballet International, do marquês de Cuevas, companhia particular sediada em New York. Surgiu, assim, o International Ballet of the Marquis of Cuevas, que fez inúmeras tournées internacionais e contribuiu para o repertório do gênero com várias obras, uma das quais pelo menos de valor perene: O Tristan Fou, de Salvador Dalí, coreografia de Massine. Aos herdeiros de Diaghilev e a uma bailarina de gênio, Anna Pavlova, que, a partir de 1913, excursionou com companhia própria, deve-se a continuidade do balé na época. Outros maîtres russos, radicados em Paris, tiveram também importante papel. Preobrajenska, Kchessinska, Egorova, Trefilova, Legat e Novikolf formavam grupos de jovens bailarinos. Novas obras nasceram, então: Presséflos, Choreartium, Francesca da Rimini, Sinfonia fantástica (música de Berlioz) e outras. Uma das estrelas do Coronel de Basil, no setor da dança moderna, foi Nina Verchinina, que em fins da década de 1970 ainda lecionava no Brasil.

Ballet Alemão
Na Alemanha nasceu a dança expressionista, que se propunha objetivar a manifestação de processos anímicos, com a superação do objeto e a renúncia a toda ilustração das sensações. A emoção é que determina a forma, espontânea entre os partidários de Wigman, e elaborada, entre os de von Laban. O bailarino clássico busca a beleza, o aluno de Wigman busca o efeito da ruptura da harmonia corporal na deformação eloqüente. No expressionismo alemão, como havia sucedido com Isadora Duncan, o peso, a gravidade, novamente se apoderam do bailarino, como uma força estética. Os estudos de Rudolf von Laban resultaram na introdução do Realismo e do Naturalismo na dança. Para van Laban, o bailarino deve sentir o gesto, pois este nasce do sentimento. Sua doutrina é essencialmente um raciocínio sistematizado. Parte da análise do movimento e considera a dança como uma arte do espaço, situando o dançarino dentro de um icosaedro. Por esse caminho, conseguiu realizar obras de alguma importância, como Agamenon. Também ele elaborou um sistema de notação da dança. Mary Wigman, aluna de von Laban como Kurt Jooss, e ainda de Jaques-Dalcroze, influenciou toda uma geração de bailarinos. Dançou como solista em muitas cidades da Europa e dos EUA, e fixou sua escola em Dresden. Wigman queria libertar a dança da música, e exprimir o que existe de mais sensível no mais profundo do ser. Segundo sua teoria, o corpo é um instrumento completo. Assim, partia ela da dança em silêncio, com um mínimo de sonoridade, seguindo-se pouco a pouco a música. A personalidade vigorosa de Wigman afirmou-se nas coreografias para solistas mais do que nas de conjunto, e sobretudo em seus ensinamentos. Kurt Jooss foi provavelmente o maior artista do Expressionismo alemão. Organizou uma companhia e visitou, com sucesso, diversos países. Sua criação mais conhecida é "A Mesa verde", uma sátira das conferências diplomáticas e da guerra. Seus bailados eram narrativos e a técnica empregada uma forma sintética de combinação da força e leveza do balé com a liberdade e a fluidez da dança moderna. John Cranko - inglês da cidade do Cabo, onde produziu, aos 16 anos de idade, "The Soldier's tale", de Stravinsky, fez carreira no Sadler's Wells (Pineapple Poll, The Lady and trie fort, The Prince of trie pagodas), trabalhou por algum tempo na Ópera, de Paris, no La Scala, de Milão, e no Royal Ballet de Londres. Em 1961 assumiu a direção do balé da Ópera do Estado de Wurttem-berg, em Stuttgart, que ia fazer internacionalmente famoso. Entre seus sucessos, contam-se Romeo and Juliet, The Taming of trie shrew, Eugène Onegin. Foi sucedido pela bailarina brasileira Marcia Haydée, geralmente aclamada como uma das grandes bailarinas contemporâneas. Na segunda metade do século a dança moderna, ou contemporânea, tem-se desenvolvido principalmente nos EUA, com Alwin Nikolais, Paul Taylor, Ted Shawn, Alvin Ailey, Ruth Sàint Denis, mas sobretudo a grande Martha Graham. Cada vez mais o balé e a dança contemporânea se interpenetram: esta usa a técnica clássica na formação de seus intérpretes e o primeiro compõe bailados cada vez mais vanguardistas. No entanto, para sua propagação e ensinamento a dança moderna ainda enfrenta um óbice: a falta de codificação e teorização. Cada mestre forma sua escola e seu grupo de passos, dando-lhes nomes peculiares.

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